domingo, 4 de dezembro de 2011

Sonhos

“O limite do homem é o limite de seus sonhos.” John F. Kennedy






Tudo começa com um sonho. Cada vez que abandonamos nossos sonhos, estamos abandonando a nós mesmos.  Precisamos de coragem para sonhar sonhos que nos desafiem, que nos motivem a um mundo de possibilidades e não de limitações. Quando alcançamos um, logo se faz necessário outro para alimentar a alma e enriquecer a vida.                  
Na infância e na juventude temos muitos sonhos porque não vemos obstáculos, não temos medo e nem limites. A vida vai passando e muitos desses sonhos vão parar em porões esquecidos da nossa mente, mas que ficam guardados no nosso inconsciente gerando os sonhos que sonhamos dormindo.
Foi lançado um livro para o público infantil que serve para todos nós:

O Esconderijo das Vontades de Jonas Ribeiro

Formado em Língua e Literatura Portuguesas pela PUC, de São Paulo. Já percorreu mais de mil escolas públicas e particulares para contar histórias e ministrar cursos.
Segundo o autor, o título foi escolhido por abordar a coragem de entender as próprias vontades. “Mostro que o sonho cresce quando é acalentado. Senão, vai morar em outra pessoa ou outro lugar do universo.”




 Para ter coragem



Para ter coragem
Onde moram as vontades? No clássico livro de Lygia Bojunga, três delas viviam na bolsa amarela da personagem Raquel. Nesse poético e marcante livro de Jonas Ribeiro, elas estão espalhadas por uma cidade, dentro das pessoas. Ficavam ali bem escondidas e eram acolhidas pelos corajosos. Afinal, o que nos falta para dar seguimento a uma poderosa vontade?
Quem é que nunca pensou sobre isso? Mas que delícia poder conversar sobre o assunto com uma criança pequena, e é esse o presente do autor, que chega ao 100º livro. As ilustrações da argentina Laura Mitchell mostram delicadeza e força ao mesmo tempo, e completam a beleza do livro.
Cristiane Rogério é editora de Educação e Cultura da CRESCER


A bolsa amarela
Lygia Bojunga


Abaixo um trecho desta obra da literatura infantil.
“Eu tenho que achar um lugar pra esconder as minhas vontades. Não digo vontade magra, pequenininha, que nem tomar sorvete a toda hora, dar sumiço na aula de matemática, comprar um sapato novo, que eu não agüento mais o meu. Vontade assim todo mundo pode ver, não tô ligando a mínima. Mas as outras – as três que de repente vão crescendo e engordando toda a vida – ah, essas eu não quero mais mostrar. De jeito nenhum.
Nem sei qual das três me enrola mais. Às vezes acho que é a vontade de crescer de uma vez e deixar de ser criança. Outra hora acho que é a vontade de ter nascido garoto em vez de menina. Mas hoje tô achando que é a vontade de escrever.
Já fiz de tudo pra me livrar delas. Adiantou? Hum! É só me distrair um pouco e uma aparece logo. Ontem mesmo eu tava jantando e de repente pensei: puxa vida, falta tanto pra eu ser grande. Pronto: a vontade de crescer desatou a engordar, tive que sair correndo pra ninguém ver.
A bolsa amarela não tinha fecho. Já pensou? Resolvi que naquele dia mesmo eu ia arranjar um fecho pra ela.
Peguei um dinheiro que eu vinha economizando e fui numa casa que conserta e reforma bolsas. Falei que queria um fecho e o vendedor me mostrou um, dizendo que era o melhor que ele tinha. Custava muito caro, meu dinheiro não dava.
 - E aquele? – apontei. Era um fecho meio pobre, mas brilhando que só vendo.
O homem fez cara de pouco caso, disse que não era bom. Experimentei.
 - Mas ele abre e fecha tão bem.
O homem disse que o fecho era muito barato: ia enguiçar. Vibrei! Era isso mesmo que eu tava querendo: um fecho com vontade de enguiçar. Pedi pro vendedor atender outro freguês enquanto eu pensava um pouco. Virei pro fecho e passei uma cantada nele:
 - Escuta aqui fecho, eu quero guardar umas coisas bem guardadas aqui dentro dessa bolsa. Mas você sabe como é que é, não é? Às vezes vão abrindo a bolsa da gente assim sem mais nem menos; se isso acontecer você precisa enguiçar, viu? Você enguiça quando eu pensar “enguiça”, enguiça?
O fecho ficou olhando pra minha cara. Não disse que sim nem que não. Eu vi que ele tava querendo uma coisa em troca.
 - Olha, eu já vi que você tem mania de brilhar. Se você enguiçar na hora que precisa, eu prometo viver polindo você pra te deixar com essa pinta de espelho. Certo?
O fecho falou um tique bem baixinho com todo o jeito de “certo”. Chamei o vendedor e pedi pra ele botar o fecho na bolsa.”
por Telma

Que tal ouvirmos MARIA BETHANIA em "SONHO IMPOSSÍVEL"?





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