sábado, 5 de maio de 2012

“Filha da Filha” ou “Parto Invertido”


 “Filha da Filha” ou “Parto Invertido”


Alguns bebês chegam ao mundo com as nádegas na frente por predisposição genética herdada do pai ou da mãe, segundo um estudo de cientistas noruegueses.

É o chamado parto invertido.



O outro lado do “Parto Invertido”

Quando a heroína da nossa infância de repente fica frágil e, da noite para o dia, percebemos que viramos mães de nossas mães nem sempre essa inversão é tranqüila para ambos os lados.

Esta mudança de papéis vem ganhando novas nuances à medida em que a população vive mais tempo. É um fenômeno mundial e trouxe uma revolução nos relacionamentos porque ninguém estava preparado para isso.



Filhas das Filhas ou Mães das Mães

“Nosso amor pela pessoa velha não deve ser uma opressão, uma tirania a inventar cuidados chocantes, temores que machucam. Libertemos os velhos de nossa fatigante bondade”.
Paulo Mendes Campos


A Virgem, o Menino e Santa Ana, por Leonardo da Vinci, 1510, Museu do Louvre, Paris, França.


Ligamos várias vezes por dia para saber: “- Mamãe tomou o remédio como o médico mandou?” Ou então, reservamos uma parte do salário para ajudar nas despesas com o plano de saúde. Ou a convidamos para vir morar conosco? Ou a deixamos no seu cantinho, mas com o coração apertado?


O Estatuto do Idoso

O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) estima que cerca de 4,5 milhões de idosos –1,3 milhões a mais do que em 2008– terão dificuldades para exercer as atividades da vida diária nos próximos dez anos. Desse total, 62,7% são do sexo feminino.
Os dados estão no livro Cuidados de Longa Duração para a População Idosa: Um Novo Risco Social a Ser Assumido, Editado pelo  Ipea.  O estudo foi organizado pela coordenadora da área de População e Cidadania do Ipea, Ana Amélia Camarano, e foi tema da mesa-redonda Cuidados para a População Idosa: De Quem é a Responsabilidade?



O desrespeito vem de todos os lados. É o Estado que não consegue atender as necessidades de saúde do idoso, a sociedade que lhe nega um simples assento dentro do ônibus, a família que o repele da convivência.


“Problemas da atualidade, como colapso dos hospitais e a violência dentro de casa, ganham uma dimensão gigantesca diante de um ser tão vulnerável”, adverte o geriatra Renato Maia, professor da Universidade de Brasília (UnB) e referência no tema do envelhecimento.
O médico é um dos muitos especialistas que consideram o Estatuto do Idoso, em vigor desde 2003, instrumento de poucos resultados.
“Tirando a vaga de estacionamento e a preferência na fila, o resto é um monte de palavras bonitas”, resume.

Estatuto do Idoso
O Estatuto do Idoso, em seu Art. 3° Parágrafo único-V ilustra claramente a “priorização do atendimento do idoso por sua própria família, em detrimento do atendimento asilar, exceto dos que não a possuam ou careçam de condições de manutenção da própria sobrevivência.”

Ou seja, o idoso deve ser acolhido por sua própria família (filhos, netos, irmãos, etc.), sendo o atendimento em instituições recomendado apenas para os idosos que não possuem família ou que não tenha condições de se manter. Porém não há como obrigar a todos os irmãos se dedicarem na mesma proporção.

Não deixe de ver o vídeo:


Opção de algumas mães idosas

Há quem, por iniciativa própria, opta por uma “casa de repouso” ou “espaços compartilhados” que são moradias compartilhadas. Alguns locais são extremamente luxuosos e caros, outros mais baratos e sem a qualidade desejada.


Como lembra Clineu Almada, geriatra da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp):
Quem passou dos 65 anos tem grande chance de chegar bem aos 80. “O cuidado com os pais sempre existiu, só que era mais restrito. Bastava não deixar faltar o básico”, define Clineu. “Mas hoje os mais jovens querem oferecer qualidade de vida ao idoso, pensando nos pais e também na qualidade de vida que desejam para si mesmos agora e no futuro”, diz o geriatra.
Porém as necessidades deles não são as nossas. Acostumados a tomar decisões e prover, seja com dinheiro ou um copo de leite quente na cama, os pais nem sempre se sentem à vontade para receber a atenção especial dos filhos. Não querem dar trabalho, como dizem. Também associam o cuidado à perda de autonomia e preferem tocar as coisas do jeito que sempre fizeram. 

Difícil dependência
No extremo dessa relação há quem exija atenção 24 horas por dia. Segundo o gerontólogo José Carlos Ferrigno, pesquisador do Sesc/SP. Isso acontece quando a pessoa ainda acredita que envelhecer significa entregar os pontos. Esse sentimento pode ser agravado quando um dos pais falece e, além do envelhecimento, é preciso lidar com a viuvez. A tendência é que surjam relações de dependência ou, se elas existem antes de a idade chegar, fiquem ainda mais acirradas, o que não favorece nenhum dos lados da história.

Filhas e filhos
“Dados americanos mostram que os idosos que têm filhas são mais bem cuidados. Os homens têm mais dificuldade em aceitar o envelhecimento e a transformação dos pais em dependentes. Muitos deixam as tarefas para as irmãs, e outros não assumem nenhuma responsabilidade na questão. Só enfrentam quando a morte e a doença chegam para valer. “Isso é muito doloroso para pais e irmãs”, aponta o geriatra Alberto Frisoli Junior, de São Paulo. “Em cada família, a situação acontece de uma forma. Seja como for, o importante é que quem convive com o idoso não fique deprimido com a tarefa. Isso é decisivo para que todos vivam bem.”

Cuide primeiro de você
O geriatra Clineu Almada acredita que é muito mais fácil atender às necessidades de nossos idosos sem perder de vista as nossas e também as dos filhos, que muitas vezes estão crescendo ao mesmo tempo em que os pais envelhecem.
Nesse caso, ser sábio significa não superestimar nem superproteger. Há momentos em que os pais estão à deriva e precisam de atenção intensiva, visitas constantes ou até uma bronca para exageros que podem, inclusive, colocar a vida ou a saúde deles em risco. Mas, muitas vezes, tudo o que querem é um aval para voar, nem que seja pelo quarteirão. 

Nesse sentido, o escritor mineiro Paulo Mendes Campos tem um texto incisivo: “Nosso amor pela pessoa velha não deve ser uma opressão, uma tirania a inventar cuidados chocantes, temores que machucam. (...) Libertemos os velhos de nossa fatigante bondade”.

Memória em dia
Conservar a memória em dia é um dos fatores que garantem a autonomia para o idoso. Assim, mesmo que as limitações físicas existam, a vida conserva seu sentido prático e afetivo. Há oficinas, clínicas e grupos que ajudam os mais velhos a melhorar a concentração, focar a atenção e passar a perna no esquecimento.

Para uma convivência melhor
Terapeutas familiares se unem para dizer o seguinte: quando os filhos não se sentem mais filhos, e sim pais dos próprios pais, a primeira coisa a fazer é aceitar que a inversão aconteceu. E que dói um pouco. E que dá trabalho cuidar. Mas que é possível ser uma troca carinhosa e muito rica. “Reconhecer a nova situação, em vez de rejeitá-la, aponta saídas práticas para o relacionamento”, diz a psicóloga Célia Horta.

Algumas delas:
Não isole seus pais de seus filhos. Em vez disso, junte as gerações sempre que possível. “A troca de experiências ajuda a entender as dificuldades e a admirar as virtudes dos dois lados”, afirma o gerontólogo José Carlos Ferrigno. Os mais velhos transmitem tradição e valores morais. Os mais jovens são exemplos de flexibilidade e trazem novidades.

Se seu pai ou sua mãe apresentam lapsos de memória que dificultam a convivência, peça para que anotem fatos, telefones e datas importantes numa agenda, em letras garrafais, e que a carreguem consigo onde forem. 

Lembre-se:
“Todos nós teremos doenças, mas não necessariamente seremos doentes”, diferencia o geriatra Clineu Almada. Em média, depois dos 65 anos a pessoa apresenta de dois a cinco diagnósticos de problemas de saúde. Os mais comuns são hipertensão e distúrbios em ossos e articulações. Se o idoso mantiver as doenças sob controle, provavelmente não terá seqüelas e levará uma vida normal. Portanto, vale acompanhar os exames dos pais e pilotar as consultas, se necessário.

Sempre que possível, puxe assunto sobre as últimas notícias, fale sobre os temas preferidos de seus pais e estimule-os a fazer algo de que sempre gostaram.
É importante que eles se sintam úteis, por isso peça para que resolvam tarefas para você (levar seu filho ao dentista ou colocar uma carta no correio etc.).

Sobre filhos adultos e pais idosos
Confira alguns filmes que retratam a inversão de papéis entre pais e filhos ou que passeiam pela questão do envelhecimento nosso e deles.
• Meu Pai, uma Lição de Vida, de Gary David Goldberg
• As Invasões Bárbaras, de Denys Arcand
• Adeus, Lênin!, de Wolfgang Becker
• A Arte de Viver, de Ang Lee
• Laços de Ternura, de James L. Brooks
• A Balada de Narayama, de Shohei Imamura
• Como Água para Chocolate, de Alfonso Arauto
 Fonte: Revista Bons Fluídos

Este é um pedacinho do texto de Martha Medeiros “Te Cuida”

“A gente sai de casa para ir numa festa ou para pegar a estrada, e antes que a porta atrás de nós se feche, ouvimos a voz deles, pai e mãe: te cuida. A recomendação sai no automático: tchau, te cuida. Um lembrete amoroso: te cuida, meu filho. A vida anda violenta, mas a gente não dá a mínima para este "te cuida" que a gente ouve desde o primeiro passeio do colégio, desde o primeiro banho de piscina na casa de amigos, desde a primeira vez que saímos a pé sozinhos. Pai e mãe são os reis do "te cuida", e a gente mal registra, tão acostumados estamos com estes que não fazem outra coisa a não ser querer nosso bem e nos amar para todo sempre, amém.”... 


 

Foto internet

Agora, depois de tanto amor recebido... Cuidemos. Cuidemos por amor e não por obrigação.

E, para todas as mães, biológicas ou não, uma chuva de bênçãos e um bom dia mãe, onde você 

estiver.

Maria Célia








18 comentários:

  1. MUITO RICO SEU POST, INTERESSANTE, REFLEXIVO...
    Salve as mães, avós, filha mães, amigas mães!
    Salve o amor!

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  2. É pra pensar heim....muito bonito...obrigada por esse presente...grande abraço

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  3. A Tina me enviou este link porque esta é a situação que vivo hoje. E foi muito bom ler o que você escreveu poia aumenta a nossa capacidade de compreender e aceitar.

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  4. Oi, Flor!

    Ah... as suas postagens são magníficas.
    Você trabalha o tema. Trazes frases tão boas e reflexões profundas.

    É de se emocionar!
    O filme é lindo, Maria Célia!
    Que carinho os filhos presenteiam para a mamãe já muito idosa. E sim, os papéis se inverteram. Assim deveria ser sempre, não é?

    Obrigada por tudo!

    Beijo no coração

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  5. Oi querida,
    Tudo bem? Estamos sumidinhas uma da outra... Mas, será por pouco tempo.
    Sua postagem está espetacular.
    Às vezes falo aqui em casa para os filhos: antes, eu ensinava a vocês, agora, eu aprendo com vocês.
    Falo isso com alegria e orgulho. Fica mais fácil viver quando aceitamos essa inversão de papéis, mesmo pequena, como agora.
    Beijos saudosos e carinhosos.

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  6. Respeite cada pessoas em seu tempo, pois as vezes nem temos tempo da envelhecer....
    Beijo Lisette.

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  7. Parabéns Maria Célia , razão e sensibilidade.

    bjos e uma ótima semana para voce.

    http://tearpiaocupacional.blogspot.com.br/

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  8. Querida,
    Saudades suas!
    Fiz um desafio a você lá no blog.
    É uma brincadeirinha.
    Espero que aceite.
    Beijos.

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  9. Nota 10!!!
    Mas você me conhece bem!
    Estou amando seu blog. Agora Fred Mercury está cantando.
    Eu amo!!! Essa música então, é o máximo.
    Só vou sair daqui quando a música acabar.
    Você precisa me dar umas aulas para eu incrementar meu blog.
    Quero ver se acerto também suas mentirinhas.
    Beijocas.

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  10. Linda postagem!
    Maravilha mesmo!!
    Cuidemos por amor e naum por obrigação...
    Por amor sempre geeente!!

    Bjao

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  11. Que linda homenagem, que amemos nossas maes como elas nos ama.
    Lindo mesmo, ppara sempre refletir.
    Obrigada pelo carinho.
    Gostou entao do cha, nao e bom?
    Que carinho lembrar de mim.
    Bjs.... sempre.
    Wanilza

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  12. Olá amada!

    Obrigada por comentar em meu post lá no BUJM.
    vim te fazer uma visita e já estou te seguindo.
    Me surpreendi com a imagem do bebe no ventre da mãe.. pois este é meu grande lema.. NÃO SER MÃE!
    Entreguei a Deus.. só ele para fazer este milagre em minha vida.
    Já submeti em inseminações e tratamentos, tenho 39 anos mas não perdi a esperança.

    Abreijos

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  13. Muito útil, sensível e atual sua pesquisa. Obrigada por trazer-me até aqui.
    Abraços,
    Bilá Bernardes

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  14. Célia, com a idade de minha mãe aproximando-se dos 103 que completará no próximo dia 20, resolvi vir fazer-lhe nova visita e partilhar de suas pesquisas.

    Dona Ica, fragilizada e, ao mesmo tempo forte na manifestação de suas vontades, desperta tanta ternura que me surpreende. Ela se adapta à condição que o pesar dos anos lhe impõe com resignação que não é se entregar,não é desânimo. É constatação de limites, o que me demonstra cada vez mais a sua inteligência.

    Como percebi seu interesse, convido-a a assistir alguns vídeos de minha mãe no blog: http://encontrodafamlia.blogspot.com Lá está ela a fazer ginástica numa rotina de fisioterapia semanal.
    Abraços e obrigada por nos oferecer um blog tão interessante!

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  15. Este comentário foi removido pelo autor.

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  16. Este comentário foi removido pelo autor.

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  17. Maria Célia, minha querida, que site lindo!
    Repleto de riquezas para a vida!
    Você e sua sensibilidade de tocar o coração e alma dos demais...
    Grata pelo convite a vir até este espaço de sabedoria.
    Um beijo!!!
    Eliane Mattozo

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  18. Grato Maria Célia Marques por mais esta ^belíssima e generosa prova de carinho. Você é, realmente, a maior.

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