segunda-feira, 19 de março de 2012

Silêncio





Estou ausente da rede social algumas semanas. Permiti-me um silencio exterior para re-pensar. Interiormente não me silenciei, fiz um movimento contrário no sentido de refletir e metabolizar. Acho que todo pensamento devia passar por um filtro antes de ser guardado.

Gostaria de compartilhar o que é dito no vídeo “Wear Sunscreen”:



Perdi uma amiga como uma borboleta que se libertou do casulo que estava fazendo-a sofrer muito.  Ela lutou mais de três anos pela recuperação do marido que ficou sem andar e com graves seqüelas de um problema com repercussões neurológicas. Seu grande “gol” era ver o esposo sair da cadeira de rodas. Quando ele se restabeleceu e começou a andar de bengala, ela fez o “gol” que tanto desejou, mas sucumbiu a um câncer. Dia 11 passado, simplesmente voou. E, já estou com saudade, mesmo tendo sua companhia dentro de mim. Felizmente, ninguém vai por inteiro e é muito bom quando os que vão (e os que ficam) nos deixam boas lembranças.


"A alma é uma borboleta... há um instante em que uma voz nos diz que chegou o momento de uma grande metamorfose..."  Rubem Alves                                                                                                                                      

Estes momentos me fazem refletir sobre o que vale a pena na vida e sobre tudo aquilo que deixamos de fazer por causa do aceleramento que nos impingimos no dia a dia. Desacelerar é preciso, eu sei. Mas, parece que estou sempre ligada na tomada e custo a me aquietar antes de deitar a noite para dormir.

Sabe aquela letra de música “Ando devagar porque já tive pressa”? É o que sinto. Vídeo “Tocando em frente”, com Almir Sater.

 

Além disso, penso no impacto causado pela revolução da tecnologia da informação. Não estou dando conta do que aparece a todo instante e procuro me acalmar para não embarcar no tsunami que acontece por aí. Esta avalanche de dados proveniente da “Era do Conhecimento” às vezes nos desvia dos nossos objetivos mais importantes.

Já que tudo fica, por quê isso?... Tudo que cuidamos materialmente e que é objeto de preocupações, fica. Levamos experiências e aprendizado e isso ninguém pode nos tomar. Somente com o tempo, conseguimos perceber que a horizontalidade é aqui e a verticalidade é lá e, na convergência das duas linhas, no encontro entre o Céu e a Terra, está o Divino e o humano.

O que norteia essa dinâmica que faz com que corramos sem fôlego, perdendo de vista a nós mesmos? Quantas fugas não percebidas.





E este mundo contemporâneo, devido à globalização e aos valores que imperam cobra das pessoas competitividade, ganância, conexão com a atualidade, sem o que dançamos mesmo sem música. Isto tem apresentado um aumento da ansiedade e angústia, sintomas do estresse, que é o corpo submetido à tensão.


Um teste de estresse psicológico distribuído para 100 pessoas “conectadas” revelou que muitas delas haviam se tornado tão viciadas em socialização virtual que se sentiram estressadas e até infelizes... Tal fato pode gerar queda significativa na qualidade de vida e, por isso, já está no radar dos médicos e psicanalistas como um novo distúrbio psicológico. Revista Galileu


A maioria de nós ou vive ansiosamente tentando antecipar os acontecimentos vindouros, ou revirando mentalmente o passado. Muitos dos nossos esquecimentos, falhas, e problemas, de um modo geral, são originados da nossa ausência do presente.

Estamos tensos, mas talvez não sejamos. O corpo fala, ele é uma espécie de sensor que acusa as atitudes inadequadas que persistimos em manter e que desencadeiam a desarmonia interior, causando doenças.

Somado a isso, e o nosso Rio de Janeiro? Com todo sol, praia e belezas naturais é o estado do Brasil que mais vende ansiolíticos.


Canoa furada




“Quando embarcamos numa canoa é porque decidimos atravessar um rio, um lago, um mar. Na travessia, poderemos ser surpreendidos se a canoa estiver furada e, provavelmente, não chegaremos ao destino. Mesmo pequeno, o furo ameaça a certeza de chegar aonde queremos”.



Destampe-se...

Lightpainting feito ao vivo no workshop de iluminação de produtos no SESC Gama em 06/08/2011 para o mês da fotografia, organizado pela Lente Cultural.



Destampar e romper o lacre são verdadeiros desafios.


Somos compelidos a um realinhamento para compreender e organizar o que está dentro de nós a fim de que imagens e questões guardadas saiam. Destampar e deixar sair, esvaziar.

Desapegar antes de “arrumar gavetas”, símbolo este carregado de significados. E, são tantas gavetas... Como as da escultura "Vênus de Milo de Dalí.

Gavetas, tema recorrente na obra de Dalí, que se inspirou nas teorias psicanalíticas de Sigmund Freud, para pintar seus célebres quadros “O Contador Antropomórfico”, “Girafa em Chamas” ou “Espanha”. 




“A única diferença entre a Grécia imortal e a época contemporânea é Freud, que descobriu que o corpo humano era puramente neoplatônico na época dos Gregos, está hoje cheio de gavetas secretas que só a psicanálise é capaz de abrir”    Salvador Dalí





Gavetas Secretas


dali-salvador-1904-1989-sp “Venus de Milo”





Fotografía cedida en donde se observa la obra de Salvador Dalí, "Venus de Milo atravesada con cajones" concebida en 1964 y que mide 114 centímetros de alto que formará parte de una colección de más de doscientas obras del artista, entre ellas cerca de setenta esculturas, que abre sus puertas en Miami. Foto: Vanguardia-EFE












Tela de Dali “Espanha” datada de 1938.

Nesta obra de Dali, podemos ver uma gaveta aberta onde o pintor pretende demonstrar que basta abrir uma gaveta para deixar sair os odores nauseabundos da guerra, numa alusão aos horrores da Guerra Civil Espanhola.




“Gavetas” e... “Mudanças”


Vamos abrir uma janela para entrar luz e iluminar nosso mundo interior. Assim, conseguiremos enxergar o que ali existe.

Maria Célia

6 comentários:

  1. Estou pasma.
    Neste instante, fico em silêncio.

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  2. Sentida pela sua amiga :(

    Qt as gavetas, janelas e portas, coragem e sabedoria para abrir, ou talvez trancar, arrumar, arejar, reformar...

    "Passei um bom tempo da vida pensando em arrumar o armário
    Passei um tempo menor da vida realmente arrumando o armário
    E nesse arrumar de armário há um desarrumar de emoções
    Pouca coisa é necessária par se arrumar o armário
    Um pequeno banco, uma grande cesta de lixo, alguma criatividade,
    muita boa-vontade"

    Meu carinho e admiração :)

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  3. Amiga querida,
    Saudade!
    Depois de suas palavras e do comentário de Tina, o que mais dizer?
    Precisamos nos ver.
    Beijos.

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  4. Minha amiga!

    Sinto muito pela perda. Imagino como você está se sentindo. A dor neste momento é imensurável. Mas a janela será aberta e você vai sentir o ar fresco da vida e a luminosidade que traz consigo. Há tanto para descobrir. Adorei tudo o que você escreveu.

    Gostaria que soubesses que penso em você!
    Sinta meu abraço - hoje bem forte!

    Beijo no coração

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  5. Amo suas visitas, comentários, e-mail´s, carinho.

    Recebi essa frase de Clarice que não conhecia, ai como ela encabeça esse post, divido com vc e seus leitores:
    "Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!" Clarice Lispector

    Beijos e desejo de uma doce, sonora e afetuosa semana.

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  6. Amiga Celia,
    Às vezes os acontecimentos da vida nos despertam para nosso interior/exterior e nos fazem ver o que estava escondido ou não visto pelos nossos olhos...
    Acredito na existência de Deus como energia de puro Amor, que nos dá o caminho sutil que sabemos (lá no fundo) ter que seguir...
    Que nossos olhos possam enxergar a vida com o dicernimento que Deus nos aponta, mas que possamos nos permitir errar, acertar e até duvidar... mas tendo a certeza que a Lei física nos chama à razão e nos conduz a Deus!
    Um beijo e obrigada pela doce presença!
    Telma

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